É basicamente isto.

É basicamente isto.

17 de março de 2013

As Forças da Autoridade.

Muito se falou este fim de semana na morte do rapaz que, alegadamente, não obedeceu a uma ordem da Autoridade e foi perseguido. Acabou morto. As Autoridades alegam que a morte foi provocada pelo despiste, os moradores garantem que a vitima foi morta pelos tiros disparados. A verdadeira causa da morte é desconhecida ainda, e será revelada (ou não...) após a autópsia. O que vou dizer de seguida não significa, de forma alguma, que defendo o que se passou após esta situação. É condenável o que os moradores daquele bairro fizeram depois. As cenas de violência a que sujeitaram todos os habitantes, directa ou indirectamente envolvidos, são lamentáveis.
Não posso deixar de escrever sobre este assunto que, infelizmente, me é sensível. A maioria da população, defende a actuação das autoridades sem mais. Defende  porque correm um enorme risco, sobretudo em bairros problemáticos. Isto não coloco em causa. O perigo é real e conhecido quando é escolhida esta profissão. Mas não posso deixar de afirmar que é perigoso, e nada desejável, defender cegamente a actuação das autoridades em situações que têm este desfecho. Nos últimos tempos, muitas têm sido as situações tornadas públicas, que acabam com mortos e/ou feridos e que envolvem directamente os nosso agentes. Infelizmente, vivi, não na primeira pessoa mas praticamente, uma situação que até hoje me causa arrepios e me deixa verdadeiramente agoniada. Não vou falar dela em concreto, porque, por um lado, está a ser resolvida ainda em sede própria, e porque, por outro, me é especialmente penoso fazê-lo ainda hoje. Mas uma coisa posso afirmar sem sombra de dúvidas e com conhecimento de causa : muito cuidado com o juízo que é feito destas situações. Muita cautela no julgamento que é feito sobre alguém que vive em determinado bairro e que, só por isso, não será flor que se cheire. A forma como olho para o exercício de funções das autoridades e o uso que fazem das suas armas de fogo, mudou, inevitavelmente, para sempre. Nem todos os agentes terão, garantidamente, o discernimento que é necessário para controlar o poder que uma arma representa e para usá-la na medida certa. E garanto-vos que cometem erros. Que umas vezes são fatais, e que outras podiam ter sido.

9 comentários:

  1. Bom, eu não tenho uma opinião muito boa da polícia, desde que esses cretinos mandaram 18 colegas para o hospital, numa manif. de trabalhadores com salários em atraso.
    No entanto andei de mota muitos anos e um dia, distraído, passei um vermelho e não fugi. Expliquei que ia distraído (e ia mesmo) e nem fui multado.
    Segui a lógica de" quem não deve, não teme" e como até vinha de uma "noitada" no turno da noite, isso abonou a meu favor.
    Provavelmente se tivesse cadastro ou trouxesse algo roubado, também tinha fugido. :-)

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    1. Sim, nem eu acho que o jovem não "devia" nada. Mas este "julgamento" que é feito nas ruas pelas Autoridades, deve acabar. Não se pode tirar uma vida desta forma(se foi o que aconteceu neste caso), nem de outras como têm sido noticiadas...

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  2. Muito bem exposto e escrito, embora não concorde bem com essa perspectiva.

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    1. Obrigada. Um dia, explico melhor a base desta minha opinião.

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  3. Pois, aqui em Setúbal, notícias do bairro da Bela Vista significa sempre sarilhos... Não acho que nada justifique tirar a vida a alguém, mas vejamos... as balas eram de borracha. A razão pela qual pode ter causado a morte é a distracção ou a dor causada pelas mesmas, que tenha levado ao despiste. Há uma série de factores aqui, pelos vistos não tinha carta, a mota era roubada e já tinha cadastro. Nada de surpreendente, na verdade. Mas a polícia é cada vez mais desprezada por este tipo de atitudes. Nem tudo justifica as acções que têm.

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  4. Nem mais. Não podemos aceitar que cada vez mais pessoas, delinquentes ou não, morram nestas circunstâncias. Não há por cá pena de morte e cabe aos tribunais julgar. A mais ninguém.

    PS- Também vivo na margem sul. Ou na margem certa, como lhe chamo ;)

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  5. Sem dúvida que cometem erros. Como qualquer outra pessoa, em qualquer outra profissão. Tanto quanto sei, cada vez mais se vai tentando aperfeiçoar a formação das Polícias, especialmente no que respeita ao uso das armas de fogo, precisamente por ser o aspecto mais complicado da profissão.
    Não deve servir de desculpa, mas a maioria das pessoas, muito provavelmente, nem imagina os "milhares" de aspectos que um Polícia tem que processar na cabeça em fracções de segundos, no momento em que tem que decidir se usa ou não a dita. Mas lá está, quem escolhe a profissão, tem que estar a contar com esta "pequena" particularidade.
    Contudo, mais uma vez, uma coisa é a teoria e outra, totalmente diferente, é a prática. A vida real.
    E, se hoje em dia, se verificam mais casos semelhantes ao que descreves, também é verdade que, pelo menos em parte, se devem ao aumento deste género de delinquência.
    Mas, sem dúvida que comentem erros. Como qualquer outra pessoa.

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    1. É uma profissão complicada de exercer, talvez mesmo das mais complexas. É necessário uma estrutura que nem todos terão, nomeadamente a nível psicológico. E depois, como em tudo na vida, há bons e maus polícias.
      A diferença é que neste campo, um erro pode mesmo ser fatal. E se noutras areas, um erro é detectado e o profissional geralmente responsabilizado, aqui temo que a responsabilização ronde os 10%...será sempre "fácil" um agente conseguir justificar o uso de uma arma de fogo, até porque, lá está, é a palavra do agente. E dos colegas.
      Mas sim, não duvido que fácil não será. E não será para todos, certamente.

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    2. Percebo o que dizes, mas diz-me também uma profissão que não tenha um mínimo de corporativismo? Especialmente daquelas que envolvem riscos para os profissionais e para outras pessoas.
      Polícias, médicos, bombeiros, enfermeiros, magistrados, advogados, etc., etc....Todos tentam-se "ajudar" uns aos outros, pois todos sabem os caminhos que percorrem no dia-a-dia.
      Acredito que todos temos que ser responsáveis pelos nossos actos. Foi assim que fui educado. Mas será sempre tudo muito melindroso e, infelizmente, quebra demasiadas vezes para o lado mais justo/inocente...
      Não é um assunto nada fácil.

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