É basicamente isto.

É basicamente isto.

4 de março de 2013

Ainda o Rui Pedro.

O Rui Pedro é, infelizmente, a criança desaparecida mais "mediática" deste País. Não sou Mãe, posso só calcular a dor que seja não saber o que aconteceu a um filho, e não faço ideia onde as pessoas vão buscar forças para ultrapassá-la. Dito isto, sempre que leio que a Mãe do Rui Pedro continua a lutar para saber o que se passou, continua a não deixar cair no esquecimento um caso não resolvido, apetece-me mandar fazer uma estátua a esta grande Mulher. Tanta luta, com tanta dor pelo meio, e com tão poucos resultados, é admirável. Quase contra tudo e contra todos. Acredito que tenha sido a forma que encontrou de lidar com a angústia e o desespero, e merece toda a minha admiração. É como se diz : a vida prega rasteiras a todos nós. A uns maiores, a outros mais pequenas. Mas a verdadeira diferença é a forma como lidamos com elas e isso depende da força de cada um.

Agora, 15 anos volvidos, aquele que sempre foi o principal suspeito do desaparecimento desta criança, foi condenado. Só agora. E a 3 anos e meio de prisão. Sobre isto, e apesar de não conhecer o Processo Judicial a fundo, e sobretudo porque esta decisão ainda não transitou em julgado, e será precoce falar sobre ela, duas coisas só: restam poucas dúvidas quanto às falhas da Justiça neste caso. É mais exemplo da magnitude que pode assumir um erro em matéria Judicial, ou uma investigação deficiente. Por outro lado, 3 anos e meio de pena parece-me um passeio no parque. O advogado da Família diz que é uma vitória para todos nós e um "lavar de cara". Concordo que mais vale tarde do que nunca, mas assusta-me mais os 15 anos que passaram até ao dia de hoje.


9 comentários:

  1. Este caso entristece-me sempre porque a justiça ou melhor a falta de justiça fala por si.
    Agora é um exemplo de uma mulher com M maiúsculo. E desejo do fundo do meu coração que termine de vez.
    Por último, os pais pelos filhos fazem tudo e vão buscar forças onde pensavam que já não tinham, :)

    beijinhos e boa semana.

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    1. Um exemplo de força incrível.

      A nossa Justiça...tem muita coisa a precisar de ser alterada, mas, como em tudo, o problema maior é a mentalidade. E essa é mais difícil de alterar.

      Bjs, para ti também

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  2. O que me entristece foi que foi preciso ter um advogado mediático para que o processo fosse decidido a favor deles. No entanto, como vai haver recurso para o supremo, e não sei se terá efeitos suspensivos ou não, é difícil saber se irá cumprir ou não pena.

    Seja como fôr, acho que a única coisa que provaram foi que ele levou o puto e um amigo às meninas e não que ele foi o responsável pelo desaparecimento. Seja como for, senão tivessem um advogado tão mediático, duvido que os processos não coninuassem a arrastar-se por aí. e esse é o problema da justiça, há a justiça para os que têm meios e para os que não têm, sendo que para estes últmos é sempre má.

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    1. Não quis abordar a questão do Advogado porque é sensível para mim, e ainda tento acreditar que não será tanto pelo mediatismo, mas mais pela experiência.

      Mas, ainda que seja pela experiência e qualidade, estamos de acordo : quem só pode pagar a um Advogado menos bom( e também os há, como em qualquer profissão), tem menos probabilidades de sucesso. Pelo menos nos casos mais complexos e naqueles que exigem um maior jogo de cintura da parte de quem dá o impulso processual.

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    2. Nem quis ir por aí, pois há quem nem dinheiro tenha para recorrer à justiça, porque não tem dinheiro para recorrer, para responder ou para intentar processos dadas as taxas de (in)justiça, pornograficamente altas, e o mito da ajuda judicial não passa disso mesmo.

      Sinceramente, se o advogado em causa, ou outro com a mesma exposição mediática, não estivesse envolvido, achas que este caso ainda seria notícia ? E não sendo notícia, achas que os tribunais teriam tanto cuidado com a fundamentação da decisão como tiveram ? Não sei se é por ele ser tão bom, mas sei que se ninguém o conhecesse e o assunto em termos mediáticos estivesse morto, duvido que a própria mãe não tivesse já deixado cair o processo, até porque não é isto que lhe trará o filho de volta.

      Será que é aceitável deixar os processos arrastarem-se ad eternum até que prescrevam ou as pessoas desistam ?

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    3. Acredito que o mediatismo do assunto, também acrescido pelo nome do Advogado, e a consequente maior atenção da imprensa e do povo em geral, possa ter algum peso na análise dos factos. A pressão sente-se, porque, e por muito que não fosse desejável ser assim, os juízes são pessoas. Que esta Mãe, esta em concreto, tivesse já largado o caso, é que já não sei. Deu durante muitos anos provas de não estar para aí virada.

      Já quanto à ultima questão, óbvio que não é aceitável. Mas aí voltamos à questão de fundo. Isso acontece porque a Lei está carregada de expedientes dilatórios, prontos a ser usados por quem a conheça bem e saiba jogar o jogo. A ser alterada alguém coisa, tem que se começar pela redução destes mecanismos.

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    4. eu primeiro baixava as taxas, quanto a esses expedientes não tenho conhecimentos para opinar, mas acho que impôr limites temporais ajudaria a resolver

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  3. O que conheço deste caso reporta-se unicamente às notícias que foram saindo, ao longo dos anos, na comunicação social.

    Daquilo que me deu sempre a entender e arriscando alguma injustiça, parece-me que há mais responsabilidades da parte da investigação criminal do que propriamente do trabalho Judicial.

    No fim, a única coisa que tenha a certeza é que, se fosse eu o pai, o principal suspeito havia de me contar tudo, tim tim, por tim tim. Eu ia preso, a sério que ia e nem o tentava evitar, mas o desgraçado ir-me-ia explicar tudo até ao mais ínfimo pormenor, mesmo que isso não tivesse qualquer valor num possível futuro julgamento.

    A minha vénia aos pais da criança (hoje já bem adulto...ou não, infelizmente).

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    1. Também só conheço o que vem a público e estou de acordo contigo. A investigação foi, digamos, parca. Ainda assim, do que sei, a absolvição na 1ª instância resultou da análise feita ao depoimento da única testemunha deste Processo. Que terá sido, na Relação, diferente. E isto não deixa de me fazer alguma confusão.

      Quanto ao que dizes sobre descobrir, a qualquer custo, o que se passou, percebo bem. Já tentei colocar-me nesse lugar, e o discernimento entre o correcto e o incorrecto, deve desaparecer por completo.

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