Não fui adolescente há muito tempo ( estão a rir de quê??) , mas há coisas das quais tenho saudades. Que recordo com uma enorme nostalgia (eu vou, claramente, ser uma daquelas velhinhas que dizem "no meu tempo isto, no meu tempo aquilo, no meu tempo é que era!"). Uma delas é, sem dúvida, aquele "frenesim" provocado pelos Amores (sabiamos ainda lá nós o que era o Amor nessa altura, esse sacana que tanto dói como faz milagres por nós, quase na mesma proporção) de Verão. Era uma sensação única. Para quem viveu a sua adolescência nas ditas "estâncias balneares" deste País, a coisa tinha um gosto especial. Quase todos os anos, as mesmas famílias voltavam no Verão. Como qualquer adolescente que se preze, tinha as minhas preferências, ou os meus preferidos, se quiserem. Era qualquer coisa de muito excitante, saber que no próximo Verão lá estaria a minha paixoneta, novamente por perto. Tudo sempre muito platónico, muito inocente, mas o suficiente para tirar o sono a uma miúda e fazer-nos sonhar de olhos abertos. Quem não se recorda destas coisas?
Agora, alguns (ou páram de rir ou vamos ter chatices!) anos depois, não me importava nada que o Verão me trouxesse um novo Amor. Mas não um Amor de Verão. Um que perdure para além desta estação, e que se possa festejar nos próximos anos. Afinal de contas, há lá melhor altura para festejar o nascimento do Amor, do que o Verão? Sendo eu uma pessoa exigente, não vai ser fácil. Era tudo bem mais simples naquela altura, em que o entendimento entre homens e mulheres parecia tão fácil, tão humanamente alcancável. Agora, escaldada q.b. (o Verão tem destas coisas), a expectativa é sempre mais baixa. A miúda que se apaixonava facilmente, tem tendência a desencantar-se quase ao mesmo tempo que se encanta. Mas se há coisa em que tenho fé, é no Verão.