É basicamente isto.

É basicamente isto.

17 de maio de 2013

Ser Pai não é um part-time.

Não é, mas muitas vezes parece. Tenho consciência que não sou Mãe. Que não sei o que custa, o que exige, o cansaço que acarreta, que não conheço o lado negativo da mesma forma que não conheço o positivo. Nem tudo será um mar de rosas, nem todos os dias serão fáceis. Aceito isto como claro e evidente. Aceito isto como razoável e aceitável. O que já não posso aceitar, é que, a meio desse "emprego" vitalício, se tire uma licença ou uma folga. Aceito até que por vezes seja essa a vontade. De desligar, de descansar, de entrar num Mundo paralelo em que tudo é calmo. Mas não pode ser.
Sempre que me cruzo com uma Mãe ou um Pai que "desligou", que entrou em piloto automático, pergunto-me se será preciso um abanão para o trazer à realidade. Nunca vou entender que, no meio de um restaurante, onde tantas outras pessoas tentam fazer uma refeição descansadas, uma criança grite até à exaustão perante a impassividade dos Pais. Ou perante uma ou duas chamadas de atenção, seguidas da desistência. Eu lamento, caros Pais, mas isto não é aceitável. Como é bom de ver, a culpa nem será das crianças. Muitas estarão habituadas a este comportamento e à respectiva impassividade. Nunca vou entender que uma criança corra, até se cansar, dentro de um restaurante. Mesmo com as sucessivas chamadas de atenção dos próprios funcionários, que não podem andar a desviar-se de crianças enquanto trabalham. Custa-me ver os Pais a olhar para crianças deitadas no chão de uma superfície comercial, a fazer uma birra do tamanho do universo, completamente alheados. No seu Mundo. Como se aquela criança não fosse sua, como se nada se passasse. As mesmas crianças que na praia passam por cima de qualquer toalha alheia, passam uma tarde a correr entre toalhas e chapéus enquanto incomodam meia praia. Os Pais? Os Pais estão na conversa com amigos ou a ler o seu livro. Levaram a criança à praia, mas, chegados lá, é cada um por si.
Toda a minha vida, desde que me lembro, tive dificuldades em ligar com estas situações. Hoje percebo que, quando as pessoas são elas próprias mal educadas, não podem criar filhos educados. Estas crianças vão crescer desta forma, a não ser que tenham a sorte de chegar sozinhas a "bom porto" no que diz respeito à educação. A resposta "mas é uma criança, é normal", serve para tudo. Serve para justificar não só as situações em que , de facto, é normal, como para justificar o que é a falta de educação e de diligência dos próprios Pais. Repetida. E isto não é aceitável. 
Pais, eu acredito que não é fácil. Que há dias em que deve apetecer desligar por completo. Que há crianças mais complicadas. Acredito nisso tudo. Mas sabiam disso antes de decidir ser Pais. Nunca ouvi alguém dizer que ia ser fácil. Se sabendo disso, tomaram a decisão de ter filhos, então acreditem numa coisa : têm a obrigação de educá-los. Desde cedo. Sem intervalos, sem folgas.

23 comentários:

  1. Concordo em tudo com este texto, eu acho que os país hoje em dia pensam que educar é nas escolas que eles só tem o dever de dar de comer e vestir as crianças, muitos esquecem-se que eles é que tem que educar de forma sensata em casa ...

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    1. Nem mais. É esperar que os professores façam o seu trabalho. E ainda ficar ofendidos quando os filhos chegam a casa a queixar-se...

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  2. D'accord. Os outros não têm que levar com birras... Todos querem o mesmo descanso em público!
    Detesto criancinhas aos berros e em corridas em sítios públicos... mas e daí que eu sou considerada uma generala com o meu filho...

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    1. Generala! :) Pois eu acho que fazes bem...uma criança mal educada será, à partida, um adulto mal educado.

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  3. Verdade verdade menina, se soubesses o quanto esses comportamentos me irritam! Grrr! Por isso é que eu digo sempre que quando tiver os meus, são educadinhos sim, e vão fazer uma vez a birra, a segunda já não a fazem, garanto-te! Sei que não devo cuspir para o ar, mas nesse aspecto fui muito bem educada, e de facto, segundo o que me contam, fiz uma birra em toda a minha vida. Claro que há crianças e crianças, mas os pais têm de se impor, o que muitas vezes não fazem.
    E depois os outros é que têm de educar as suas más criações.
    E claro, adultos mal aducados, dão crianças mal educadas and so on!

    PS- o tal fotógrafo é do Porto? Dizes-me então qual é? Se calhar até já visitámos ;)

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    1. Também costumo dizer muito "filho meu não fazia isto, não"! E mesmo sem instinto maternal, e sem planos para ser Mãe, acho que posso garantir que, custe o que custar, criança minha não andará por aí nestas figuras.

      PS- sobre o fotógrafo, enviei-te um mail :)

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  4. Concordo com tudo tudo tudo... Quando trabalhei em hotelaria era o meu tormento quando via chegar uma familia com criancinhas pela mão que tinham atitudes que não lembravam a ninguém.. E ter que trabalhar com um olho no burro outro no cigano (como se costuma dizer) para não atropelar ninguém, ou até mesmo para eu não me atropelar a mim mesma, é complicado... é muito complicado! E só dá vontade de mandar vir com os pais, que são os grandes culpados :/

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    1. Vale tudo! Eu já vi funcionários praticamente implorar aos pais que fizessem qualquer coisa para conseguirem trabalhar. Nem assim!

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  5. Não podia estar mais de acordo. Não suporto crianças mal educadas. Mas o problema são mesmo os pais que não ligam, ou porque não querem mesmo saber, ou porque já desligaram do mundo filhos, ou porque querem compensar ausências com o deixar fazer tudo, ou porque, ou porque... Mas o papel dos pais, por mais cansativo que seja, é educar as crianças.

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    1. E depois vem a justificação do costume "São crianças, é normal!". Falta-se-me tanto a paciência para estas coisas.

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  6. Uma coisa óbvia ao ler os artigos é que se percebe imediatamente se o autor é mãe/pai ou não. Tipicamente os não mãe/pai tem o raciocínio que as birras são más e que filhos deles nunca as irão fazer uma vez que isso é coisa de filhos de pais maus ao contrário deles que serão sem dúvidas dos bons. O processo costuma ser: 1. antes de se ser mãe/pai: "filho meu nunca há-de fazer birras"; 2. depois de se ser mãe/pai: primeira birra "foi a primeira e a ultima", segunda birra "a culpa foi dos outros", terceira birra "bem isto não foi bem uma birra, foi uma birrinha logo não conta", algumas birras depois "opsss afinal isto é mais difícil do que parecia".

    Pelo que já li (muito), a birra é, imagine-se, uma boa coisa boa. Lol... Aqui podem acontecer várias coisas: a criança ainda não dispõe de capacidade argumentativa (i.e. ainda não sabe falar fluentemente), e logo usa aquilo que tem mais à mão. Mas no fundo a birra corresponde a uma criança que quer atingir um objectivo e vai à luta para o conseguir (bom), mas fá-lo de uma forma incorrecta (mau). Ora é este último comportamento que tem de ser corrigido e moldado, mas nunca o primeiro. O que acontece e que muitas vezes tenta-se corrigir o segundo impedindo à partida o primeiro dando origem a uma criança "amorfa", que perante uma dificuldade "amocha" simplesmente (isso sim é preocupante).

    Pergunta: gostavas de ter um filho que não faz birras? Sim? Então quer dizer que gostavas de ter um filho que perante as dificuldades encolhe-se em vez de ir "à luta"? Novamente, a birra é uma boa manifestação feita da forma errada. Mas isso como tudo corrige-se. Há que ser firme nas mensagens, até porque as crianças têm de aprender a ouvir não, uma vez que o vai ouvir muitas vezes durante a vida, outras vezes há que ignorar para que a criança perceba que o caminho da birra não a leva a conseguir nada, etc, etc, etc, o que é claramente diferente de castrar a criança mantendo-a "amordaçada", o que no limite lhe vai destruir a auto-estima uma vez que qualquer passo é alvo potencial de crítica destrutiva (não fazes, não podes, fizeste mal, está errado, és sempre a mesma coisa, etc, etc, etc)... Mas isso é outra história...

    Bom fim-de-semana que já escrevi demais, mas gosto destes temas.

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    1. Eu acho que são coisas distintas. Logo para começar, parece-me que deve ser bem explicado que, em público, haverá uma tolerância muito menor do que em casa. Nem se deve deixar fazer tudo em casa, nem se deve não deixar fazer nada na rua. Tem que haver meio termo.
      ACho que as crianças podem ser ensinadas a lutar pelo que querem, com educação, sem ser preciso passar a mensagem que podem ser mal educadas e birrentas não só com os pais, mas com o mundo exterior.

      Não escreveste nada demais, e a opinião de um Pai é sempre bem vinda :)

      Bj!

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    2. Também não podemos confundir uma birra de uma criança de 1 ano com uma de outra com 10. Mas a minha regra base é: nunca criticar os outros pais; nunca dar palpites, nunca me considerar melhor que os outros, etc; afinal muitas vezes pensamos que somos melhores que os outros quando na realidade desenvolvemos é "visão selectiva" (vulgo facciosa e de negação dos problemas, etc) em relação àquilo que nos diz sentimentalmente respeito (e em relação aos filhos é muito forte). Desenvolvi um pouco aqui...

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  7. Uma coisa que percebe imediatamente nestas questões, é se estamos perante pais de filhos, o se estamos perante pais de "meaus filhos", como AQUI descrevi outro dia. Pais que pensam que os outros têm obrigação de levar com o seu desleixo, poi não podemos assacar responsabilidades aos "meaus filhos", quando somos nós os incompetentes.
    e podia estar aqui o resto da tarde a falar, mas hoje não me apetece.
    Eu sou pai de uma jovem que nunca teve necessidade de fazer birras e que hoje, adulta e a viver por conta própria, é incapaz de estacionar em cima do passeio ou passagem de peões, porque nunca viu o pai cometer essa barbaridade.
    Querem ter filhos: eduquem-nos desde o berço e nunca vão precisar de os proibir de fazer nada.
    Mas atenção: cada um só pode dar o que tem.

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    1. Cá está um excelente exemplo. Parabéns! Tens toda a razão....cada um dará aos filhos o que tem. O que não tem, também já não "lhe cresce", como se diz.

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  8. Esqueci-me desta parte:
    O "pai" de "Meu filho, meu tesouro", arrependeu-se mais tarde das teorias patetas que escreveu e que, ainda hoje, são o catecismo de muitos pais igualmente patetas, que pensam que os filhos se educam por manuais.
    Esqueçam o manual do avicultor. Isso só serve para os frangos de aviário.

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    1. Não conheço. Mas vou registar o teu aviso, não vá precisar dele no futuro...

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  9. Com isto "quando as pessoas são elas próprias mal educadas, não podem criar filhos educados", disseste tudo.

    Contudo, a questão das "birras" (normalmente nas lojas, supermercados, por quererem alguma coisa) é, na minha opinião, algo bem diferente do mau comportamento em locais públicos (restaurantes, hotéis, por ex). Apesar de partilhar um pouco da opinião do Sérgio Saraiva, ambas não são positivas e, muito menos, saudáveis (especialmente o mau comportamento), mas devem ser tratadas de forma diferente. E, é claro, os pais têm TODA a responsabilidade nos comportamentos e atitudes das crianças.

    Em miúdo, só tenho memória de fazer duas grandes birras...Nunca mais me esqueci delas, vá-se lá saber porquê...;)) (e eu, que considero que tive uma infância super feliz)

    Já agora, ser pai/mãe, não é fácil, é verdade. Mas também não é assim tão difícil...

    Bjs e bom FDS!!!

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    1. É curioso. Também só me lembro de fazer uma birra. Diz que foi em pleno restaurante, e o meu Pai foi comigo ao exterior "explicar-me" umas coisas. Voltei para o resto da refeição como outra :)

      Não te sabia já membro do "grupo" dos Pais! :) Parabéns!

      Bj

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  10. O meu trabalho obriga me a ver muitos pais de férias. Eu só tenho medo que de tanto cuspir para o ar, um dia me caia na cabeça. A verdade é que não me revejo nos pais com que me cruzo diariamente, e espero não cair no mesmo.

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    1. Talvez existam muitos que não conseguem fazer melhor, apesar de tentar e de ter educação para dar. Acredito que existam, de facto, crianças mais difíceis. Mas, honestamente, acho que a grande maioria é mesmo mal educada e, como tal, não sabe educar. Tu não fazes parte dela, de certeza :)

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  11. Só para dar UM exemplo: Em casa da minha mãe, ama da profissão, ela nunca retirou ou subiu as coisas das prateleiras (coisa que já vi muitos pais fazerem e depois não podem levar os filhos a casa de ninguém porque partem tudo!). As crianças habituaram-se desde cedo que não eram os seus brinquedos e por isso não era para brincar. Se houve algumas perdas? Sim. Pouquíssimas! Nada de importante!

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    1. Ana, é um excelente exemplo! E há pouquíssima gente a agir assim, infelizmente...

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