É basicamente isto.

É basicamente isto.

29 de maio de 2013

Disso do horário da Função Pública.

O Governo pretende alargar o horário da Função Pública, das 35 para as 40 horas semanais. É bom de ver que já está o caos instalado. Está ainda mais instalado uma vez que não está prevista qualquer actualização salarial proporcional ao acréscimo de horas. Vamos por partes.
Se concordo com o aumento de horas? Concordo, pois. No Privado esta é a tendência que predomina. E agora vocês dizem-me que só falo assim porque trabalho no Privado. Errado. Se trabalhasse no Público, por muito que me custasse vergar a mola mais 5 horas semanais, teria de entender que há que aproximar os direitos e deveres de todos os trabalhadores o máximo possível. Não se trata de qualquer tipo de guerra entre privado e público. Não se trata de não ter noção que já existem funcionários a trabalhar estas horas e até muitas mais, sem receber mais um cêntimo por isso. Mas depois existem os outros, os que não produzem, os que não trabalham um minuto a mais. E isto existe quer no privado quer no público.
Se concordo que não exista compensação? Não, não concordo. Ao acréscimo de trabalho, deveria sempre corresponder um acréscimo salarial, num plano ideal, num ideal de justiça. Mas isto não é apenas problema do sector Público. Também no Privado, já há muito e de forma mais ou menos generalizada, o aumento de trabalho não corresponde ao aumento salarial.
Se acredito que a produtividade aumente? Dificilmente. Existirão três atitudes perante esta medida : o FP que aproveitará mais uma hora diária para colocar o seu trabalho em dia, porque tem brio profissonal (este é aquele que, desde sempre, mais produzia mesmo antes da medida); o FP que não produzia em 7 horas e muito menos produzirá em 8 horas, porque não trabalha para o que lhe pagam quanto mais de borla; e o FP que até ia produzindo de forma razoável, mas que ficará revoltado com a medida e acabará por aproveitar para descansar nesta hora "extra".


Não vou aqui entrar no campo da discussão das regalias, e de quem as tem em maior número. A verdade é apenas uma : a "todos" será exigido que se trabalhe mais e receba cada vez menos. Isto parece-me incontestável.

O ideal? O ideal seria encontrar dentro de cada Ministério, cada Instituto, cada organismo público, as cigarras. As maçãs podres. Actuar em relação a estas pessoas e contratar gente com vontade e necessidade de trabalhar. E qualificada. Isto sim. Mas não só no Sector Público. Também o Privado precisa de ser arrumado, limpo. Anda muito boa gente a roçar-se pelos corredores, e isto é transversal aos dois Sectores. Fala-se muito em aumentar a produtividade, mas a verdade é apenas uma : há muita gente com emprego que não quer trabalhar. Que está a ocupar o lugar de gente que,  não só precisa, como tem vontade de trabalhar. E isto não é assim tão difícil de identificar. Acabe-se com a mama.

27 comentários:

  1. Acabe-se com a mama fechou o post com chave de ouro! Anda muita gente a arrastar-se nos trabalhos a contar que façam por eles.

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    1. A contar que façam por eles, e a manchar a imagem do resto dos funcionários dos mesmos segmentos. Não se entende a passividade das chefias perante tanta gente encostada.

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  2. Concordo em quase tudo da última parte do texto.
    Discordo que se tenha de nivelar tudo por baixo. Como dizia há dias uma funcionária da saúde (das que já não têm ADSE): se eu não tenho, porque é que você há de ter?
    Pois eu vejo as coisas de outra maneira: se eu tenho, porque é que os outros não hão de ter?
    A crise não foi criada por quem trabalha (no público ou no privado). Foi criada pelos negócios ruinosos da banca e pelos políticos incompetentes.
    Porque é que hão de ser os trabalhadores e reformados a pagar o que outros roubaram?
    Porque é que temos de passar a trabalhar 16 horas com salários e regalias iguais às dos chineses, só porque os empresários europeus passaram a importar da China sem qualquer restrições?
    Porque é que temos todos de trabalhar mais para alimentar uma máquina económica que já deu provas de estar avariada?

    Há maus funcionários públicos. Há maus funcionários. Ponto.
    A culpa é de quem os deixa ser maus funcionários. É de quem ganha muito bem para gerir e não gere nada. É de quem ganha o mesmo gerindo bem, ou gerindo mal.

    Baixa produtividade? Os trabalhadores portugueses espalhados pelo mundo, são dos melhores e mais produtivos.
    Não estará na hora de mudarmos a mentalidade empresarial de merceeiro, que existe em Portugal? :O

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    1. Percebo o que dizes, mas nem acho que nesta questão se esteja a nivelar por baixo. As 40 horas semanais parecem-me, efectivamente, razoáveis. Mais razoáveis do que passarmos todos a trabalhar apenas 35 ou do que encontrar um meio termos entre estes dois números. Concordo que a máquina económica está avariada, mas a redução da carga laboral parece-me demasiado perigosa a médio/longo prazo.

      Quanto à produtividade, Portugal tem um problema grave. Tem um problema de mentalidades ( o trabalhador chega ao emprego, vai beber café, trabalha qualquer coisa, vai fumar um cigarro, trabalha qualquer coisa, vai à copa conversar, trabalha qualquer coisa, vai beber outro café, e assim sucessivamente, não querendo de todo generalizar) agravado pela fraca liderança. Muitos funcionários estão mal aproveitados, outros estão desmotivados, outros precisam, pura e simplesmente, de ser apertados e, em último caso, metidos a andar.

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  3. Assino por baixo, se me permitires!!!

    O problema do país são dois: falta de produtividade e burocracia a mais!!!
    Há países onde o horário de trabalho semanal é inferior ao nosso e produz-se o dobro ou o triplo!!! Outros, com verdadeiros simplexes e bastante mais desenvolvidos.

    A conclusão tem de ser mesmo essa: acabe-se com a mama!!! :)

    (espero que o concerto tenha sido bom)

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    1. Enquanto os próprios trabalhadores também não mudarem um pouco a mentalidade de coitadinhos explorados ( não me refiro aos o são, efectivamente. Refiro-me aos encostados e que ainda por cima se acham injustiçados) e enquanto não estiverem reunidas condições motivacionais para os outros ( o que passa muito pela liderança), não me parece que o problema da produtividade tenha solução. E a burocracia deste País é surreal, tens toda a razão. Não ajuda, certamente.

      (foi muito bom! :) )

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  4. Ahah, para começar a endireitar o país, temos que acabar com os funcionários que passam o dia nos blogs. xD

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  5. Concordo com o que dizes! Embora ache que essa subida de horário não vá ajudar em nada o país!

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    1. No mínimo servirá para uns funcionários deixarem de ser filhos e outros enteados. Não é isso que o TC quer, igualdade? Ei-la.

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    2. Numa época em que tanto se fala em igualdade, em que o TC chumba medidas orçamentais com base nesse mesmo princípio, começa (!) a fazer pouco sentido manter este tipo de diferenciação, de facto.

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  6. subscrevo quase tudo. Na verdade acho que esta medida pouco servirá para além de aproximar os horários de trabalho dos trabalhadores dos dois sectores. Mas quanto aos funcionário que nada fazem no privado, posso dizer-te que os únicos que conheci assim foram recambiados, o que não acontece no público com dá cá duas tretas.

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    1. Eu ainda conheço alguns dos outros. Do que se vão mantendo encostados, mesmo no privado. Mas sem dúvida que no Público as coisas são mais "complicadas" a este nível...

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  7. Concordo contigo, apesar de ter sérias dúvidas que isto vá aumentar a produtividade das empresas. Mas graças a isto, o senhor meu pai vai passar a receber cerca de 100€ a menos, todos os meses. A ver se eu me consigo explicar:
    O meu pai é funcionário publico, mas trabalha as 40 horas semanais, para so turnos darem certo. Ou seja, ele trabalha 8 horas por dia, que dá 40 por semana (eles lá fazem as folgas deles, de maneira a isto bater tudo certo). Ou seja, ele por semana faz 5 horas extras, que são pagas à parte. Com o aumento da carga horária, vai deixar de fazer horas extras, logo é dinheiro que vai à vida.
    Apesar de ser uma medida "justa", cá em casa vai atrapalhar um pouco.

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    1. E parece-me que foi, precisamente, um dos objectivos desta medida. Acabar com o pagamento de algumas horas extra. Nem todos merecerão, lá está. E percebo que para algumas famílias a coisa se complique (ainda) mais...

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  8. Quer queiramos quer não, os FP sempre tiveram muito mais regalias face aos trabalhadores do Privado. Agora que lhe cortam, esperneiam, pois temos pena, mas eu sou pela igualdade. Nunca tive uma ponte. Se tenho o dia 24 e 31 Dez é porque meto férias e por aí adiante. Ou seja, se é para um, que seja para todos. Já vem é tarde...

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    1. Também me parece que já vem tarde. Como justificar que num sector se trabalhe 35 horas (oficialmente, vá, porque também será certo que muitos trabalharão bem mais) e noutro se trabalhe as 40? Não fazia sentido

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  9. Neste momento é de facto complicado justificar o porque de haver uns que trabalham 40 horas e outros 35, afinal isto de ser a favor da equidade não pode ser só quando dá jeito, mas contra quando já não dá. Confesso que até acho uma certa "cara de pau" numa altura em que temos 1 milhão de desempregados haver quem se queixe por não ter um estatuto de privilegiado em relação ao resto da população. Mas claro que ninguém gosta de perder nível e qualidade de vida.

    Em termos da produtividade acredito que o efeito seja nulo: o que se pretende é poupar algum com as horas extraordinárias que se vão deixar de pagar, porque de resto... A nossa questão da produtividade é algo mais complexo que trabalhar mais horas: tem a ver com organização, método, capacidade de venda, evolução tecnológica, etc.

    Para além disso desenvolveu-se no mundo ocidental uma cultura em que o trabalho é mau e negativo para a pessoa, logo quando mais cedo formos para casa, e menos anos trabalharmos melhor. A reforma é vista como uma libertação de um caminho penoso que é o trabalho. Será que trabalhar tem de ser sempre mau?

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    1. Também tenho cada vez mais dificuldade em compreender as queixas de alguns trabalhadores numa altura em que o desemprego está ao virar de cada esquina. Claro que há sempre quem se queixe com razão, e não acho que o simples facto de ter emprego seja motivo para não reivindicar direitos, só porque há tanta gente desempregada. Mas por um acréscimo de 5 horas semanais? Muitos até dizem que já as trabalham, sem ganhar mais um tostão.

      Tens toda a razão. Não se ouve praticamente ninguém dizer que gosta do que faz, que retira prazer do trabalho. Mas também estamos perante um ciclo vicioso : com menos condições e salários mais baixos, o trabalho torna-se mais penoso e a produtividade diminui.

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  10. Sou Funcionário Público (apesar de também ter passado brevemente pelo privado) e, infelizmente, reconheço que existem alguns (para ser simpáctico) problemas associados a esta categoria.

    Pessoalmente, o principal problema e que, por sua vez, arrasta todos os outros, é a segurança profissional. É verdade que o facto do FP sentir que dificilmente será despedido, faça o que fizer e eu já assisti a coisas incríveis, acredita, ajuda à falta de produtividade.

    Por outro lado, se é difícil de uma pessoa ser despedida, também é muito difícil de ser reconhecido o mérito...para ajudar à festa, todas as progressões (para categorias superiores e não dentro da própria categoria) são por concurso, a maioria cheia de "vícios" e, há séculos, que se encontram congeladas...

    Quanto às regalias, é verdade, elas existem, mas praticamente todas saem dos ordenados dos FP`s.

    Nunca tive medo de trabalhar, aliás, sou um apaixonado por aquilo que faço. Tenho a melhor profissão do Mundo e, todos os meses, excedo largamente o n.º de horas de trabalho. A nova medida, não me vai aquecer, nem arrefecer. Venha ela.

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    1. É um problema de mentalidades, lá está. Os Direitos que são concedidos, criam as condições perfeitas. Ou estamos perante uma pessoa que tem brio profissional, que gosta do que faz, para quem é ponto de honra apresentar trabalho feito, ou o próprio sistema corrompe a produtividade. Honestamente, era preciso acabar com redoma que foi criada.

      Fico feliz quando oiço alguém dizer que adora o que faz :) Isso é tão importante...tanto a nível pessoal, como para o próprio País.

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  11. Não me parece que seja uma medida importante...nem me interessa se é para a FP ou privados. Pelo teu raciocínio, que eu concordo em grande parte, se não há correspondência na folha salarial tb não devia haver aumento da carga horária.

    Depois há uns e outros. Os que trabalham e os que não trabalham. Quer num horário quer noutro.

    O grande problema é que esta medida só visa um objetivo: despedir! E isto, naturalmente não posso aceitar. E ainda, finalmente, a velha questão: a medida atinge, mais uma vez e em grande escala, a FP...pelo menos certos setores.

    Beijinho Cláudia

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    1. Mas atinge a FP, porque no Privado já é assim de forma praticamente generalizada...

      Não me parece que resolva o problema da profutividade, não. Mas fazia pouco sentido ter uma diferença de 5 horas semanais nos horários de uns e outros trabalhadores.

      beijinhos

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  12. E agora eu levanto-me e aplaudo-te de pé.
    Subscrevo tudinho.
    Também não acho que vá trazer mais produtividade, mas já que se fala tanto de equidade venha ela!

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  13. Sabes que quando muitos dos hospitais passaram a ter gestão semi privada aconteceu algo mais engraçado, quem estava no regime antigo continuou com as 35 horas quem entrou pelo regime novo passou para as 40. Isto é no mínimo estranho para não dizer outras coisas, os mesmo profissionais a desempenhar as mesmas funções com carga horária diferente.

    O que eu sempre defendi é que em termos de regalias (um tema um pouco além do horário), estas não deviam ter sido cortadas à Função Pública mas sim passar a abranger toda a gente e haver bom senso da parte das pessoas que usufruíam das mesmas e de quem era responsável por fazer prescrição das mesmas. Eu ouvi relatos e é importante realçar que foram na primeira pessoa de bradar aos céus. Claro que não podem pagar os justos pelos pecadores mas que essas coisas aconteciam, aconteciam, era o verdadeiro regabofe.

    Que há muita gente à mama há, quer na função pública quer na privada, isso é que é importante cortar.

    Agora paga toda a gente e a factura é bem alta.

    Acho que devíamos pensar mais como povo uno sem ser apenas nos mundiais e nos europeus de futebol.

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    1. Eu acho que é, precisamente, pela falta de bom senso e pelo regabofe que tão bem realças, que as regalias estão a começar a ser cortadas. Como dizes, e bem, por um costumam pagar todos. Já seria difícil atribuir o mesmo tipo de regalias no Privado, por si só. Mas a má gestão que é feita no público, tem que começar a ter consequências sérias, sob pena de andarmos todos a pagar o bem bom a quem não merece.

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