É basicamente isto.

É basicamente isto.

14 de janeiro de 2014

O Bullying

Leio o título desta notícia "Jovem de 15 anos mata-se por sofrer bullying na escola", e apodera-se de mim, automaticamente, uma raiva difícil de explicar.

O caso não é isolado e começa a ser recorrente. Uns jovens matam-se, outros vivem prisioneiros do medo e da ansiedade, e carregarão consigo traumas para a vida. No caso concreto, «uma vez até o puseram todo nu no recreio da escola». Todos nós sabemos que na escola são praticadas brincadeiras que roçam o limite do aceitável. Que ficam ali no limbo. Será sempre verdade que cada pessoa reage a qualquer vicissitude desta vida, de forma diferente. O que para mim é insuportável, poderá ser de importância menor para alguém com um perfil psicológico diferente. Todos sabemos também que, cada vez mais neste País, a falta de meios, que passa desde logo pela falta de pessoal, é a desculpa mais utilizada para justificar o mau funcionamento actual do sistema de educação, do sistema de saúde, de qualquer sistema. Mas o Bullying é cada vez mais um problema real, bem presente no dia a dia de quem trabalha nas escolas. De quem tem filhos e tem (também) a obrigação de estar atento. Nasce em mim uma dificuldade enorme em entender que estas situações passem ao lado dos funcionários das escolas. Que não sejam detectadas a tempo. Que se deixem arrastar até ao limite, sendo que o limite começa a ser este. É assustador. Quantos episódios terão acontecido, sem uma resposta? Como é que é possível as escolas deste País terem chegado a este nível?

Por último, e sabendo que não faltará quem me pergunte o que sei do assunto uma vez que não sou Mãe ainda, pergunto se todos os Pais estão atentos ao que se passa a este nível? Se é um assunto que os preocupe e que esteja presente nas suas mentes? Se estão atentos aos sinais? Lamento a minha acidez quanto a este assunto, mas eu não acredito que uma vitima de bullying não apresente sinais disso mesmo. Mas cada vez mais as pessoas não têm tempo para os filhos, não é? Para tudo aquilo que exige ser Pai ou Mãe. Mas e pensar nisso antes de tê-los? Não? E, já agora, os Pais dos agressores? Também não detectam comportamentos indiciadores nos seus filhos?

O assunto é grave, é assustador, é de reflexão urgente. Que se investigue a fundo o que aconteceu nos casos que, infelizmente, já aconteceram, e que se reforçem, pelo menos, os meios escolares que possam combater esta realidade.
E Pais...mais atenção.

24 comentários:

  1. Minha Amêndoa...o assunto está presente na minha mente sim e não sei como é possível não estar na de todos os que são pais e mães.
    Nos dias de hoje esse perigo é real e pode surgir de muitas formas diferentes, por isso ouvir ontem a minha mais velhinha dizer "Nós sabemos que se for preciso sais logo em nossa defesa mummy!" fez-me respirar fundo, a propósito de uma situação que se está a passar com a mais novinha...não passa um dia antes de se deitarem que eu não investigue no fundo daqueles olhinhos, preciso de saber que estão bem, para conseguir dormir descansada, não sei ser mãe de outra maneira.

    Estas situações ultrapassam a minha compreesão.

    Jinhooosssss

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Suri, do que já vou conhecendo de ti, não tenho a menor dúvida que fazes parte do leque de Pais que está atentissimo a tudo o que se passa. Mãe, com "M" maiúsculo :)

      Eliminar
  2. Essa é uma das minhas maiores preocupações desde que a minha filhota entrou este ano para o 5ºano na escola pública...os casos são recorrentes e nunca sabemos quando nos vai tocar a nós...Há mesmo que fazer alguma coisa para mudar isso mas longe da escola os pais quase se sentem impotentes estando dependentes do que lhes é dito pelos filhotes e pelos professores...por vezes isso não chega...é por isso que este ano embora no inicio não tenha aderido por não ter tempo, vou entrar para a associação de pais!
    Beijinhos
    Maria

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Maria, acho lindamente que te juntes à Associação de Pais. Toda a atenção é pouca...

      beijinho

      Eliminar
  3. A questão é muito complexa e sem dúvida assustadora quando não mesmo trágica. Estes dias fiquei a saber que na escola primária onde andei, neste momento, da parte da tarde tem uma única auxiliar a "tomar conta" de 6 salas de alunos. Fazendo as contas dá cerca de 120 miúdos "ao cuidado" de um único adulto fora do período das aulas, ou seja, os miúdos ficam entregues a si próprios...

    A questão dos pais também é complexa, uma vez que estes temas geram muitas emoções e raramente racionalidade.
    Eu tenho uma teoria um pouco ao lado da maioria dos pais, quiçá até com algo de cruel. No meio de muita coisa, os miúdos também tem de aprender a defender-se sozinhos perante adversidades. Há muitos pais que tem a tendência (natural) de super proteger os filhos, em que ninguém lhes pode tocar, etc, etc, etc. Depois há a questão de miúdos super reprimidos porque não podem fazer isto, tem de estar quietos e bonitinhos o tempo todo, se mexem naquilo toca já a ralhar, etc, etc, etc. Tudo isto é muito fixe, o problema é que muitas vezes quando são levadas ao extremo este tipo de coisas acaba por gerar miúdos que simplesmente não se sabem defender porque toda a vida foram super protegidos pelos pais, perante as adversidades tendem a "amochar" à conta de serem reprimidos sempre que se tentam mexer... É apenas uma pequena parte do problema, mas neste contexto de escola, temos as vítimas ideais do bullying (não sei se foi o caso).

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sérgio: O grande dilema de ser mãe de duas quase adolescentes está no equilibrio: Até onde devo protege-las...onde devo intervir e quando é que devo dizer-lhes: Desenrrasca-te, defende-te! Acredita que é precisa uma atenção diária!

      Eliminar
    2. A educação é sempre um tema polémico e complexo. Mas mais do que isso, e do equilibrio que é preciso encontrar, que me desculpem a grande generalidade dos Pais, mas o que vejo hoje em dia é muita desatenção. Por falta de tempo, porque as carreiras estão em primeiro lugar, porque não acham importante perceber se o dia passado na escola foi normal ou até porque partem do princípio que sim, e que é um local segurissimo. Por um sem fim de motivos.

      Eliminar
    3. Caras amigas, claro que é necessário estar muito atento, e ir tentando ler os sinais, que vão surgindo. Também a minha experiencia diz-me que ir à escola nem sempre chega uma vez que muitas vezes a tendência é os educadores irem dizendo que está tudo bem para não preocupar os pais, ou para que estes não metam em causa o seu trabalho ou mesmo a escola uma vez que também são raros os pais que aceita que existam certo tipo de problemas.

      Eliminar
  4. Estes assuntos revoltam-me.
    1º acho de um baixo nível, uma falta de educação ou sei lá, crianças/jovens fazerem este tipo de merdas. Não há mesmo respeito nenhum.
    Mas com os belos exemplos que se vê por aí, de adultos e bem formados sem classe nem educação, não admira que as crianças/jovens saiam assim....
    2º Tudo bem que nem todos são iguais, mas eu na escola também nunca tive muitos amigos e andava sempre sozinha, mas não levava desaforos para casa. Sempre me defendi e faz-me um bocado de confusão (não estou a criticar, mas realmente não entendo) como um jovem de 15 anos chega a este ponto de se matar... Por muito que não confie nos pais ou não se dê muito bem com eles, nunca falava? Não dizia nada?

    E ao estas coisas acontecerem, só dão razões é para que estas coisas continuem. Os jovens que o fizeram tiveram a sua "missão completa"...

    Ai a sério, se fosse meu filho eu nem sei....

    Beijocas

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Agora lembrei-me daquele vídeo em que duas alunas espacavam outra, enquanto os colegas assistiam e filmavam. Eu não sei, sinceramente, onde é que a violência que se tem passado nas escolas e nas imediações das escolas, vai parar se nada for feito...

      Beijinho!

      Eliminar
  5. "Nasce em mim uma dificuldade enorme em entender que estas situações passem ao lado dos funcionários das escolas." - eu acho que não passam ao lado, acho que simplesmente ainda não há sensibilidade para lidar com este tipo de assuntos, pensam sempre que "são coisas de miúdos, daqui a pouco já andam todos aos abraços". Porque o bullying é uma palavra nova (embora a sua prática seja bem antiga) e hás-de reparar que se ouve inúmeras vezes "no meu tempo não havia nada dessas modernices, se levasses porrada defendias-te".

    Esta problemática tem várias perspectivas. E como ainda não tenho filhos......
    No entanto, também concordo com algo que o Sérgio diz: hoje em dia os miúdos são protegidos por vezes em demasia. Fruto dos tempos... Há umas décadas brincava-se na rua, havia socialização e os miúdos sabiam desenrascar-se. Hoje em dia, quem é que brinca na rua? Isso depois acaba por prejudicar os miúdos, perdem a capacidade de socialização e isso cria os praticantes e as vítimas de bullying... Não sabem interagir uns com os outros...

    Mas lá está, este assunto dava pano para mangas, porque pode ser visto de várias perspectivas

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, também passará muito por aquilo que se considera normal. Mas quando o tema já é tão actual e falado, começa a custar-me muito entender que os olhos não estejam mais abertos e as consciências mais alerta. No limite, acontece o que aconteceu. Na dúvida, da parte dos funcionários, parece-me melhor relatar e averiguar episódios de "brincadeiras" que sejam feitas, do que partir do princípio que são normais e que não estão a tomar este rumo...

      Eliminar
  6. Bullying? Não há disso em português?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Há, no meu tempo chamava-se "porrada da velha", nesse tempo o gozo era constante e diário desde que entravas, até que saías da escola, como aconteceu comigo, mas depois parava, ias para casa, hoje não pára: Há o telemóvel, o computador, as redes socias, os miúdos vivem um autêntico cerco!

      Eliminar
    2. POC, eu explico em português : Bullying era eu dar-te uma tareia à antiga, ou enxovalhar-te, só porque és meia leca e eu sou maior do que tu.

      Eliminar
  7. Acho que o que faz falts é um clube de debate para irmos falar sobre isto e outras coisas... que comentar e ficar à espera de aprovação e que alguém responda, é uma seca! :)

    Quanta à noticia, acho que a policia já disse que nada teve e aver com bullying.

    Quanto ao bullying, quando andava na escola era gozado por usar óculos, era gozado por ser inteligente, fui praxado, levei porrada, partiram-me a cabeça com uma pedrada, não me deixaram jogar à bola, e nunca morri. Acho que também passa muito pelo que disseram: sobre-protegem as crianças de uma forma quase surreal. Ai da criança que deixe cair uma coisa ao chão e a queira comer. leva logo uma repreensão que se caiu ao chão já não presta... eu, desde miudo, vou às árvores e apanho a fruta e como sem sequer as lavar, e se cair ao chão, sopro-lhe para cima e está bom...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olhe Sr. Musta, desculpe lá sim? Desculpe lá se eu demoro uns 60 segundos, vá, a aprovar comentários e se tenho de trabalhar e não posso responder logo a V. Exa.!

      ;)

      Agora a sério : como disse, aquilo que para uma pessoa é suportável, para outra pode não ser. Essas coisas que relataste e que aconteceram contigo, poderiam ser impossíveis de ultrapassar para outras pessoas. E digo-te mais, nem sei se é assim tão saudável ou bom sinal ser possível lidar com isso sem ficar "marcado"...ninguém deveria ter de passar por isso, e não podemos cair na tentação de considerar que são coisas normais entre crianças/jovens.

      Eliminar
    2. Acho que os pais estão cada vez mais dispertos para as questões do bullying, sobretudo porque lhes custa horrores imaginar que o filho possa ser vítima de bullying e, por medo, não lhes contar. A mim preocupa-me que um filho meu seja um bully, mais do que seja vítima de bullying, porque aí algo me diz que estou a falhar no meu papel de educadora.

      Eliminar
  8. Eu, confesso, fui bully antes de saber o que isso era. Lembro-me perfeitamente de 3 episódios que se passaram no infantário, teria 4 ou 5 anos (sim, tão cedo) dos quais não me orgulho nada, mesmo nada, mas também não tenho feitio para dourar a pílula ou sacudir a água do capote. Lembro-me de, juntamente com outras crianças, estar a gozar com outra menina porque naquele dia levava collants castanhos. Lembro-me de, num outro dia, estarmos a brincar às casinhas e de só aceiotarmos brincar com essa menina se ela fosse a criada (e desarrumámos a casinha de propósito para ela ter de a arrumar). E lembro-me de estarmos a brincar aos médicos e de ela ser a doente e lhe darmos injecções com lápis. Não sei porque começou, se estes ataques se prolongaram no tempo e como terminaram (penso que não duraram muito tempo, pelo menos só me lembro destes 3 episódios), mas carrego um sentimento de culpa horrível sempre que se fala de bullying. Acredito que a educadora ou os meus pais nos terão chamado à atenção e tenhamos percebido que isso não se faz (até porque me recordo, e há fotografias que o mostram, de mais tarde gostar de brincar com ela).
    O problema parece-me mais grave quando se desconsideram estes episódios, quando se considera que é normal haver rivalidades entre colegas, que as crianças são naturalmente cruéis, nascem instintivamente egoístas, e que isso passa à medida que vão tomando consciência do outro, que também não se pode intervir sempre, para que a própria criança aprenda a defender-se ou a lidar com situações que lhe são desfavoráveis. O problema existe quando se espera que o tempo traga sensatez a uma criança/adolescente que agride outra fisica e/ou psicologicamente. Há certas agressões que devem ser paradas imediatamente, não podemos confiar nas ferramentas de uma criança para as resolver.

    ResponderEliminar
  9. Eu estou como tu. Acho inaceitável que os pais - que de uns, quer de outros - não se apercebam de nada.

    ResponderEliminar
  10. Sofri de bulling na escola. Pela minha experiência 'Isso é algum problema? Sabes lá o que são problemas!' ou 'Não lhes ligues que isso passa' ou simplesmente não ouvem as crianças (a desvalorização dos problemas das crianças é muito grave). E às tantas de não me ouvirem deixei de contar, e passai a chorar às escondidas. Mas eu ainda entendo que naquela altura não havia o conceito de bulling, e quem contava era apenas e somente queixinhas, mariquinhas e por aí fora! Triste mas é verdade :/ passei por maus bocados e detesto pensar nos tempos de escola. Consequências disso? Pavor absoluto de pensar em universidade...de tal modo que não fui.

    ResponderEliminar
  11. Cambada de florzinhas estes putos pá. Já não há pachorra. Se levassem dois pares de estalos em casa, depois já não andavam por aí à espera dos papás para virem resolver tudo. O bullying ou o que lhe quiserem chamar, não é novo, já existia no tempo dos nossos pais e no nosso tempo. A grande diferença é que éramos rijos e tínhamos educação. Hoje é só leite e bolachinhas e "ai ai ai o meu menino não pode levar um puxão de orelhas da srª professora que fica traumatizado". Deixem-se de merdas e dêem mas é educação aos filhos.

    ResponderEliminar

Elaborai à vontade a tua teoria.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.