É basicamente isto.

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14 de novembro de 2012

O Direito à greve.

Acho muito bem que exista o Direito à greve, e, até, que esteja consagrado na Constituição da República Portuguesa. Acho lindamente que quem em consciência ache que tem motivos e que trará mais benefícios do que malefícios a si mesmo e à realidade em que se move, exerça este Direito em pleno. Até aqui, tudo muito certo. Não me parece correcto que se critique aqueles que aderem à greve, que se diga que querem é desculpas para não trabalhar, que o País está a precisar é de produtividade, sem se conhecer as verdadeiras motivações de cada um. Não podemos generalizar. Como em todos os campos e matérias, há que imperar o bom senso. Haverá quem tenha razão e quem não a tenha e será sempre, mas sempre assim, até ao fim dos nossos dias.
Dito isto, o que também não é certamente aceitável, é este clima hostil gerado à volta de quem decide trabalhar em dia de Greve Geral. Isso é que não. Quem decide NÃO EXERCER um Direito, está no seu direito. A escolha é de cada um. E quem decide trabalhar, terá as suas razões e merece respeito. Agressões? Vandalismo em estações de comboio e metro? Só a expressão "fura-greves" já me incomoda um bocadinho mais do que gostava que incomodasse, mas as pessoas terem receio de utilizar os escassos transportes que existem nestes dias, terem receio de verem os carros ser aprejados, é coisa que não se pode aceitar. A cada um caberá analisar se a adesão à greve prejudicará de forma grave o seu posto de trabalho, quer através de perdas de lucro "perigosas", quer através das indesejadas represálias, que em tantas situações são bem reais. Ninguém está em posição de brincar com o emprego que ainda tem. Cada um decide em consciência exercer este Direito ou não. Não podemos é andar por aí à pedrada uns aos outros, ok?

4 comentários:

  1. Não sou fascizoide nem nada que se pareça. Mas sou contra o direito à greve português tal como está consagrado.

    Gostava que a cultura e sentido cívico imperasse e que fosse usado um direito de forma diferente, para ser prejudicado quem essencialmente tem na sua mão o poder de decisão, de manipulação e de afectação do poder politico.

    No fundo, gostava de ser "mais nórdico" nisto.
    Na Islândia ou na Suécia, o que se fez há pouco tempo?!
    Fez-se greve de outra maneira. Os transportes circularam todos na mesma, os serviços também funcionaram, com a diferença em que os próprios funcionários não cobraram bilhete ou no caso dos serviços, o respectivo serviço. Tal e qual isto.
    O direito à greve assim é mais real. Há os pré avisos. Vão trabalhar, mas a adesão à greve é feita assim. Por omissão de cumprimento das suas funções por presença e não por ausência.

    O protesto é feito ao empregador, capitalista ou Estado. Não são cidadãos comuns, que precisam de agarrar um posto de trabalho e chegam atrasados, de ir levar os filhos à escola, e não têm onde deixar os pirralhos, etc, etc que são os eternos prejudicados. Porque esses submissos vivem num permanente colete de forças, a apanhar tareia de todo o lado.

    E mais: foi marcada por 2 dias no inicio do mês, para retardar a compra dos passes sociais, logo, foi sentida a falta de entrada de dinheiro. Isto sim é uma GREVE enquanto força de luta, que atinge quem deve atingir no sua essência e forma de mudança.
    O que se faz em Portugal, é uma fantuchada e uma lei mascarada. Uma miragem de permissão.

    Até breve

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    1. Talvez pela primeira (segunda, vá ;) ) vez na "vida" da nossa amizade, estejamos de acordo sobre um assunto. Quase totalmente. E quase porque, apesar de concordar que os efeitos práticos seriam bem mais positivos nos termos que avanças, não sei se será assim tão linear que os empregados que aderem nesses termos não saem prejudicados. Ou que não acabariam por sair, precisamente porque isso mexeria com muitas verbas.

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  2. Totalmente de acordo com o cometário aqui de cima.

    Por experiência própria, em que por duas ocasiões aderi à greve, constatei, para mal dos meus pecados, que os únicos que ficam a perder são os trabalhadores e, claro, os cidadãos que levam por tabela com as respectivas consequências.

    A entidade patronal ou a tutela, no meu caso, sai sempre a ganhar. Mal ou bem o trabalho é feito e sai-lhes bem mais barato. Eu limitei-me a perder dinheiro e não vi qualquer qualquer uma das pretensões atingida.

    Desde daí desisti deste género de greve e apenas voltarei a lutar pelos meus direitos nos moldes em que o Pedro Castela explanou muito bem.

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    1. Acho que para muitas pessoas, a adesão é já um acto de desespero. Não têm mais armas, não sabem para onde se virar. Acabam por usar a forma mais clássica de protesto e de mostrar insatisfação. Respeito quem faz, respeito quem não faz. É um assunto que tem muito que se lhe diga.

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