É basicamente isto.

É basicamente isto.

16 de novembro de 2012

Ainda a violência do dia 14/11/2012...

Ontem não consegui ter o tempo necessário para partilhar, na totalidade, a minha opinião sobre a forma como terminou a manifestação frente à AR no dia 14 deste mês. Não é uma opinião consensual, não é um tema fácil, não é linear para qualquer um dos lados. Antes de avançar, que fique claro que respeito todas as opiniões contrárias e que percebo os argumentos e fundamentações de todos. Não sei se alguém terá razão a 100% sobre este assunto, mas duvido que sim.
É absolutamente inaceitável o apedrejamento sofrido pelas forças policiais. Além de vergonhoso, não faz o menor sentido. Não é, sequer, uma forma de luta. Não só porque não acrescenta nada, não traz qualquer benefício, mas também porque as forças policiais não são responsáveis pelo estado do País . As forças policiais têm como função manter o Povo em Segurança e não devem ser encaradas como o inimigo. Estão a cumprir funções quando protegem os Passos, os Gaspares e os Cavacos deste País. E é assim que é suposto ser. São pessoas que ali estão, de carne e osso. Não podem ser apedrejadas durante mais de uma hora, apesar dos capacetes e proteções que têm. Isto NUNCA deveria ter acontecido e não é defensável. Julgo que todos concordamos com censurabilidade deste comportamento.
Quando vi as imagens pela primeira vez, não as compreendi bem. Vi muitas pessoas que não parecem oferecer qualquer ameaça, a sofrer a carga da polícia. Continuei a ver imagens e a minha reação à carga exercida, acabou por ser a mesma que tive em relação à violência contra as forças policiais: NUNCA poderia ter acontecido. Reagir tão tarde para reagir desta forma, é desastroso. Se tivessem reagido antes, e em concreto em relação aos agressores, as coisas poderiam ter sido muito diferentes. Os agressores, em última instância, estavam a colocar em causa a segurança de TODOS os manifestantes ordeiros, de todas as pessoas que passavam na zona (ou porque ali residem, ou porque ali trabalham, etc). Esperar aqueles minutos todos para depois reagir com tamanha violência indiscriminadamente? Parece-me tão inaceitável como a conduta de quem apedreja. Não compreendo como é que um “pequeno” grupo de “pessoas”, não é travado pela força policial em tempo útil e de forma eficaz. Precisavam de reforços? Pois que os pedissem. Segundo é assumido, existiam até agentes infiltrados ou policias à paisana no Local. Seria assim tão difícil detectar em concreto qual o foco de agressão e agir?
Os ordeiros podiam ter abandonado o local. Pois podiam. Eu teria abandonado, certamente. Mas o facto de saber que teria virado costas, não me impede de compreender que as pessoas que não estavam a infringir qualquer Lei ou conduta cívica, tenham optado por ficar e por achar que não devem pagar todos por uma minoria. Ou tenham até acreditado que estavam em segurança porque as forças policiais controlariam a situação da devida forma. Segundo relatos de muitas pessoas, a ordem para dispersar nem terá sido audível em todo o perímetro. É possível, as manifestações não costumam ser pautadas por silêncio.
Mas ainda que achemos que todos deviam ter abandonado aquele Local quando a situação tinha tudo para se descontrolar, não nos podemos esquecer que muitas pessoas apanhadas no meio da carga policial, nem ali tinham estado. Não tinham como ouvir a ordem para dispersar. Voltavam para casa, ou, por qualquer outra circunstância da vida, passaram ali naquele momento.
Vi, e viram todos, imagens de pessoas já no chão que continuaram a ser agredidas. Pessoas a ajudarem pessoas que estavam no chão, a serem igualmente agredidas. Pessoas de idade avançada a levarem bastonadas na cabeça, com os braços no ar. Porquê? Porque os polícias cegaram? Podemos ter forças policiais que cegam? Eu gostava muito de ser cantora, mas não tenho voz. Nem nunca vou ser Pintora, porque também não sei pintar. Não poderia ser Médica, porque não tenho estômago para ver sangue. É preciso perceber se as forças policiais cumprem os requisitos que a profissão exige.
Não posso condenar mais a violência dos animais que desencadearam tudo isto, do que a violência da carga policial exercida. EU não posso. Não consigo. Seria, para mim, pouco coerente. NENHUMA das duas acções deveria ter acontecido. Toda a situação foi mal gerida. E não, não me pareceu minimamente proporcional, como nos vem dizer o responsável pela operação. Vejo muito pouca (ou nenhuma) proporcionalidade nas imagens.
Se isto foi a melhor reação possível, espero que não cheguemos ao dia de ver a pior. E espero, honestamente, estar enganada quando digo isto, mas acho que esta desproporcionalidade terá como consequência muito mais violência contra as forças policiais nas próximas Manifestações.


3 comentários:

  1. Como já sabes a minha opinião, limito-me a dar-te os parabéns pelo excelente texto. ;)

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    1. Sei? Quem és tu?? ;) Obrigada. A tua é contrária, mas bem fundamentada. Percebo-a...

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    2. Não é totalmente contrária. Tenho é uma visão diferente em alguns aspectos, talvez por defeito de formação. Lá está, é como dizes, ninguém tem 100% de razão neste assunto.

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