É basicamente isto.

É basicamente isto.

16 de fevereiro de 2014

Ainda o Meco, ou como eu fervo com isto.

A tragédia recentemente ocorrida na Praia do Meco, é um assunto que mexe comigo. Já aqui expliquei as razões para isso, e a revolta que sinto quando tudo indica que na sua origem estiveram as praxes, esse instituto que, embora defendido por muitos, tem para mim nenhum benefício. E por muito que ainda exista quem defenda as praxes e o espirito académico, está mais do que na altura de aceitar que aquilo que se passa hoje em dia, na esmagadora maioria, já muito pouco tem de semelhante com aquilo que eram as praxes há décadas atrás. Como em quase tudo, o Ser Humano conseguiu abusar e transformar as praxe em qualquer coisa que lhe permite exercer um poder mórbido sobre os outros. Mas sobre isto já disse tudo.
 
Volto a falar do Meco, porque tomei conhecimento da decisão dos Pais das vitimas em apresentar queixa contra o Dux, a Lusófona e desconhecidos (aparentemente, outras pessoas terão assistido a tudo). Honestamente, muita paciência tiveram estes Pais. É inconcebível que exista uma pessoa que sabe o que se passou, que terá ele próprio sobrevivido a esta tragédia, e que ainda não tenha explicado a estes Pais o que aconteceu, de facto. Perfeitamente inconcebível. Se tem responsabilidade ou não, não sei. Se aqueles jovens ali estavam coagidos, ou se foram de livre vontade participar nesse ritual, também não sei. E sendo certo que é da máxima importância apurar se estamos perante uma ou outra coisa, ainda mais inacreditável é fazer passar estas famílias por todas as dúvidas que as assaltam desde o primeiro minuto. Pior. Outras pessoas terão assistido, as tais do pacto de silêncio (a sério, isto é assustador. Esta gente precisa de tratamento, mas daquele urgente). Essas também não falam. Ninguém fala, ninguém conta. A própria Universidade teria conhecimento deste e outros rituais. Como é que isto é possível? Que irresponsabilidade é esta? Os alunos assinavam termos que desresponsabilizavam a comissão de praxes de eventuais danos que pudessem sofrer. Mas que merda vem a ser esta? Isto acontece assim, com conhecimento de todos, numa Instituição de Ensino Superior? Os Pais apresentam agora queixa. E eu aplaudo de pé. Que sirva para que, pelo menos, venham a saber o que se passou com os seus filhos. E que sirva, num cenário ideal, para para responsabilizar os eventuais responsáveis, se de facto existem. Que sirva, no melhor dos meus sonhos, para mostrar, de uma vez, às Universidades deste País, que não podem continuar a assobiar para o lado e ignorar o que os seus alunos fazem neste âmbito. 
 
Já aqui disse no outro texto, e finalizo da mesma forma. Por mim, proibia-se esta porcaria. Ponto final. Isto não é nada. O que se passa hoje em dia, não é nada senhores. 

33 comentários:

  1. essa história do Meco já mete nojo!

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    1. Mete-me nojo é o facto de não ser investigada a fundo, isso sim...

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  2. Eu costumo dizer: Portugal é o País vítima, das vítimas do Meco!

    Estou com a Mia... mete nojo!

    Bjo*

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    1. Eu estou "cansada" que neste País tudo se deixe morrer porque sim. A continuarmos assim, a culpa é uma tipa eternamente solteira...

      Bjs

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    1. Eu, por acaso, gostava de ouvir falar mais Gostava de ouvir falar quem tem coisas para dizer, por exemplo.

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  4. E eu aplaudo de pé o teu texto. Agora é-me muito mais complicado acompanhar todas as noticias relativas a este assunto, mas isto que escreveste agora está MUITO dentro do que eu penso desde o primeiro minuto.

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    1. Obrigada, Lia. Que este assunto não morra enquanto não estiver explicado, como tantos outros neste País.

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  5. É BOM qu não se deixe este assunto morrer...por muito que enjoe ouvir falar dele. É NECESSÁRIO saber a verdade. Fosse meu filho e eu procuraria a verdade até ao último dos meus dias.
    AGORA...outros quinhentos é nesta merda de país que temos...sem justiça, nem rei, nem roque acreditar que os responsáveis TODOS, desde os senhores da faculdada até ao da colher de pau... paguem o preço da responsabilidade que tiveram em tudo o que aconteceu.

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    1. Suri, o teu primeiro parágrafo é precisamente o que penso. Mais nada.

      Infelizmente, também concordo com o segundo...

      Bj

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  6. Tens noção que aquilo que se passou ali nada tem a ver com praxes académicas, mas sim um ritual qualquer ou uma praxe qualquer de um grupo de jovens que tinham um pequeno culto?! Não vamos confundir as coisas, como a comunicação social tanto gosta de fazer e que está a arrastar até pessoas como tu, que eu tinha como lúcidas, perspicaz e com discernimento para perceber que não se podem confundir coisas que nada têm a ver..

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    1. Precisamente... são coisas bem distintas...

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    2. A sério? E como é que chegaste a essa conclusão? Houve investigação? Ouviram as pessoas envolvidas? Não, elas não falam, não é? Tenho visto muitas reportagens sobre este assunto, e algumas de excelente qualidade. O que se está a passar com as praxes, em diversas universidades, é inadmissível. Comissões de praxe que pedem para que sejam assinados termos que os desresponsabilizam? Então mas é suposto uma praxe ser apta a causar danos?
      Sobre o caso concreto, se acreditam que está tudo muito bem contado, eu não acredito. Mas, se acreditam, concordarão comigo que se impõe uma investigação. Nem que seja, nesse caso, para limpar o nome do DUX, dos meninos em pacto de silêncio, e da Lusófona.

      Lamento ter deixado de ser lúcida aos teus olhos. Quer dizer, não lamento nada. Tens a tua opinião e eu a minha.

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    3. Um grupo de alunos, cada um com o seu grau hierárquico, pertencentes à mesma Universidade e respectiva comissão de praxe ou COPA ou lá como lhe chamam, que se reúne, com o propósito dos subalternos "progredirem na carreira" e serem aceites no meio ou pelo seu superior, através de acções que envolvam, no mínimo, o esforço físico apenas daqueles, se não é uma praxe académica é o quê? Um ritual? Para mim parece-me que praxe e ritual podem ser exactamente a mesma coisa. Principalmente neste contexto, o académico. Está tudo misturado e muito mal misturado, para ser meigo...
      Tenho muitas poucas dúvidas que sejam o único "grupo de jovens" a funcionar assim, no mundo académico. Ao que parece, este tipo de rituais já vem detrás, pelo menos do tempo do anterior DUX...

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    4. Concordo com o Mustache.
      E acrescento só mais dois pontos:

      1) Volto a dizer que isto não é praxe. E os termos de responsabilidade é uma idiotice que, isso sim, devia ser proibido. Felizmente não é prática corrente. Aliás, não há muito tempo ouvi dizer em directo na televisão (no Prós e Contras) que em Coimbra quem mobiliza os caloiros é que é responsável por eles.

      2) Quer se queira aceitar este facto ou não, os jovens estavam todos de livre e espontânea vontade. Eles já não eram caloiros (e mesmo que fossem, têm o direito de ser anti-praxe). Pertenciam à Comissão de Praxe! Porque quiseram pertencer! Porque no decorrer da sua vida académica quiseram continuar ligados à praxe (que, a meu ver e à luz do que é a praxe de Coimbra, o que se passa na Lusófona chama-se RITUAL!), e, mais que isso, quiseram pertencer à Comissão que supervisiona (ou neste caso não...) a praxe. Mais, foram de fim-de-semana para fora da sua área de residência e estudo. Por favor parem de meter tudo no mesmo saco. Isto não é praxe, nunca será praxe!

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    5. Roger, "Mais, foram de fim-de-semana para fora da sua área de residência e estudo." - que me digas que foram para fora da área de estudo, eu aceito. Que fales em area de residência, é melhor não entrares por ai.

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    6. Faltou um pormenor: "para fora da sua área de residência e/ou estudo" ;)

      Anyway... Mesmo que vivessem perto... Alugaram uma casa no Meco, julgo que nenhum era do Meco, portanto em rigor estavam fora da sua área de residência :P

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    7. Sabes que eu posso alugar uma casa na minha zona só para poder estar à vontade (como eles queriam estar) com os meus amigos? Pronto.... Era só para esclarecer :)

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    8. Claro que sim. Mas isso não seria praxe, pois não? ;)

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    9. Nao vamos entrar rm ses... sabes exactamente qual é a minha opiniao e posicao em relacao a este assunto.

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  7. Mas sabes o que é pior? É que este será mais um processo, a juntar aos muitooos existentes, que acabará arquivado. Com sorte, irá a julgamento, mas dificilmente haverá culpados. E andarão por aí, felizes e contentes, e os pais das vítimas terão sempre uma ferida aberta no coração.

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    1. A merda é essa, GATA. Infelizmente. Mas eu ainda pasmo mais quando oiço pessoas dizer que este assunto devia ser enterrado, mesmo antes de investigado.

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  8. Quanto às praxes, para não me alongar muito, que isso daria um autêntico post e o blog não é meu ;), apenas acrescento ao que já foi anteriormente publicado que, para além de ter passado pela Universidade, optei por uma profissão que tem uma forte componente de praxe aquando da entradas de novos elementos. Pois comparando uma e outra praxe, os senhores doutores pré-licenciados deviam corar de vergonha. A praxe académica é, de há imensos anos, um "instituto" (!!!!) completamente desvirtuado da sua real origem e função.

    Quanto aos pais das vítimas, para mim, são uns verdadeiros heróis. Nos mais variados sentidos, mas principalmente pelo facto de conseguirem (aparentemente) manter uma certa calma. Digo isto aqui com a maior das sinceridades. Não me consigo imaginar no lugar deles, mas tenho quase a certeza que se fosse comigo, não ia esperar pela acção da Polícia ou dos Tribunais, apesar de ainda acreditar neles. Aquele rapaz ia ter que falar comigo. E falava, de certeza que falava. Não é um "olho por olho, dente por dente", mas ele ia ter que me enfrentar. Aos mais susceptíveis, também me conheço ao ponto de saber que não iria fugir a qualquer responsabilidade.

    Aos pais das vítimas, só desejo a maior sorte e que tenham toda a força possível para alcançarem o que pretendem, certamente alguma paz, o que me parece impossível...

    PS - Num post destes, não dá para fazer um comentário breve ;)

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    1. O blog não é teu, mas tu sente-te em casa. Alonga-te sempre que quiseres :)

      Até eu que não sou Mãe, tenho uma dificuldade enorme em perceber como é que estes Pais se têm mantido com esta postura tão educada e pacifica. Talvez seja o choque ainda a fazer efeito, talvez seja falta de força para reagir de outra forma, não sei. Mas que aplaudo este passo que agora dão, aplaudo.

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  9. Os pais das vítimas merecem saber o que de facto aconteceu aos filhos para conseguirem ter alguma paz de espírito. E se nos dias seguintes à tragédia o dux não quis falar porque estava em choque, dois meses depois já não faz qualqer sentido. Se foi um acto de praxe, se foi culto, se foi um acidente estúpido, se estavam mais pessoas na praia ou se mais gente sabia do que se estava a passar são perguntas que não podem ficar sem resposta e só ele as poderá dar. Sempre ouvi dizer que quem não deve, não teme. E se não for por mais nada, que seja por respeito aos amigos que viu morrer, mas que fale.

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    1. Subscrevo, NTW. Acredito que tenha estado em choque. Afinal de contas, com ou sem responsabilidade, também ele acabou por ser uma vitima. Mas, em determinada altura, nem que fosse apenas perante as famílias, teria de falar. E é isso mesmo que dizes. São perguntas cujas respostas se impõem.

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  10. Não fazia a mínima ideia desse pacto de silencio... Inconcebível.
    Bom texto.

    Beijocas

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  11. Proibir, não resolve nada e ainda aguça mais a feitura de parvoíces.
    Só me dá vontade de rir quando ouço estudantes a dizer que as praxes servem para preparar os jovens para a vida dura...ahahahahah...vida dura teve a geração dos meus avós, dos meus pais e não precisaram de praxes para a enfrentar e agarrar pelos cornos.
    Estas ultimas gerações assustam-me um pouco, pela pobreza de espirito...

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    1. Assim não está a funcionar. Por mim, era proibir. Claro que, como em tudo, é depois preciso controlar se a proibição está a ser cumprida, mas um problema de cada vez...

      Sem dúvida. É uma desculpa patética para sentir algum poder sobre os outros. E sim, as últimas gerações tornaram-se assustadoramente irresponsáveis e até macabras...

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    2. Proibir não ia resolver nada, pelo contrário ia agravar. Porquê? Porque obviamente não iria acabar (até conheço escolas SECUNDÁRIAS onde supostamente são proibidas praxes, mas elas acontecem - inofensivas, mas acontecem, isto para te dizer que proibir não resolve). E não acabando, ia acontecer de forma marginal, em segredo. E aí sim viria o perigo. Porque nem sequer existiriam Comissões que protegessem os estudantes!

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  12. Já disseste tudo e eu concordo em pleno contigo.

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    1. Obrigada, Bomboca. Que isto se resolva, de alguma forma.

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