A notícia da Mãe que terá morto dois filhos e acabado por se suicidar, alegadamente por sofrer de depressão profunda, fez tocar os alarmes bem alto na minha cabeça sobre um dos assuntos que mais me assusta. Quantas pessoas conheceremos que sofrem de depressão? A maioria não diagnosticada? A maioria sem procurar ajuda? Por falta de noção, de informação, por vergonha. Porque os psicólogos e os psiquiatras são para os maluquinhos.
Todos já vivemos e vamos viver estados depressivos. Aquelas fases em que tudo parece negro, nada parece funcionar, a sorte anda longe, o que pode correr mal corre ainda pior do que se esperava, não encontramos saída ou solução. Mas são fases. Semanas, meses, menos bons. Por um ou outro motivo. Porque o dinheiro não chega, porque a crise não passa, porque falta saúde, porque atravessamos uma maré de azar. Mas onde é que se estabelece o limite? Onde é que deixa de ser uma fase menos boa e começa uma depressão? Há casos óbvios. Há comportamentos que não deixam margem para dúvidas. Mas também há casos difíceis de detectar, ainda que depois, quando alguma coisa trágica e sem retorno acontece, nos pareça que estavam ali, mesmo a saltitar à nossa frente.
O assunto da depressão sempre me assustou. E cada vez mais. É sabido que o número de casos dispara de dia para dia. Fruto desta sociedade que aniquila sonhos, que torna difícil a sobrevivência, que não permite que tantos portugueses durmam uma noite sem preocupações, que provoca um estado de ansiedade permanente. Assusta-me ainda mais, não detectar algum caso próximo de mim. Tenho pavor disso. De não perceber que "algum dos meus" precisa de ajuda. De estar demasiado distraída com a minha vida, com os meus problemas e pseudo problemas.
Há uma tendência enorme para o egoismo, para o nosso umbigo, para usar a falta de tempo como desculpa. Os afazeres. E a vida não é fácil para ninguém, claro está. Mas é nossa obrigação ficarmos atentos a quem nos rodeia. A quem faz parte das nossas vidas. Até porque, um dia, podemos precisar da mesma atenção.
Estão mais perto do que pensas... e depois há os que não querem continuar na "apartia" e outros que se acomodam a viver assim e não conseguem de forma maneira a sair!
ResponderEliminarPosso dizer-te que uma das melhores decisões da minha vida foi, sem duvida, consultar um psicologo! :-) e depois fiquei assim (ainda mais louca)
Tânia Vinagre
Mas a tua loucura é saudável :) É daquela que faz falta e que todos devemos ter ... :)
EliminarNão consigo imaginar o que leva uma mãe a matar os filhos...
ResponderEliminarhomem sem blogue
homemsemblogue.blogspot.pt
Nem eu...e as pessoas que têm depressões ou distúrbios mentais profundos, são tanto um perigo para elas próprias como para os outros.
EliminarO cérebro é a coisa mais complexa do universo. A mais bela, mas a mais complexa.
ResponderEliminarE o cérebro adoece, tal como os outros orgãos. Só que se o rim está mau e vamos ao urologista, quando a cabeça está mal não vamos ao psicólogo/psiquiatra. Porque temos vergonha ou porque a cabeça é tão complexa que nem temos noção do estado em que estamos.
Acho que ninguém faz isto por maldade pura. Faz porque está doente.
Lamento cada uma destas perdas.
Excelente texto CM, como habitual. Parabéns.
Para ajudar à mentalidade fechada da sociedade quanto a este tema, há uma enorme falta de sensibilização para o assunto. Ainda não é tratado como uma doença real e das mais perigosas.
EliminarObrigada.
Verdade. E poucas levam o assunto a sério.
ResponderEliminarHá as depressões, que são graves, e há a noção dos tempos modernos de que o mundo nos deve alguma coisa, que temos um direito inato à felicidade, e que essa felicidade se traduz num casamento perfeito, numa casa bonita e num emprego que pague bem. O problema é quando essas expectativas falham nalgum destes pontos.
ResponderEliminarOs nossos antepassados sabiam que não tinham direito a nada e sabiam viver "contentes" com o que tinham. Nós temos de voltar a aprender essa capacidade, sob pena de vivermos sempre de estado depressivo em estado depressivo e de não sabermos apreciar o que a nossa vida tem de bom.
Anónimo, touché. É bem verdade. Quantas vezes não nos sentimos insatifeitos porque achamos que não estamos a acompanhar o que seria soicialmente expectável? E quantas vezes não percebemos que não temos que ter todos vidas iguais? Problema também empolado por uma sociedade que julga facilmente e com base nos critérios errados.
EliminarExcelente texto ....
ResponderEliminarInfelizmente vivi um caso de depressão e reconheço não estive minimamente à altura de o detectar, de o compreender e de como o resolver...
Contudo aprendi a minimizar o prejuízo, a minorar o risco de voltar a acontecer e a ter compreensão para o estado depressivo que muitas vezes associamos a tudo menos a uma doença que quando aparece é de difícil tratamento... mas com esforço e dedicação consegue-se recuperar a pessoa...
Contudo a mesma fica susceptível e fragilizada para todo o sempre... :-(
Nem sempre é fácil detectar, e depois ainda há a "luta" de convencer as pessoas a procurar ajuda.
EliminarTambém vivi situações próximas de mim, não identifiquei os sinais, mas felizmente não existiram consequências mais gravosas...serviu para ficar mais atenta e para perceber a dimensão do problema que tudo isto pode ser.