Ou será das pessoas?
Adoro Portugal. Adoro a nossa gastronomia, o nosso clima, as nossas Cidades, o nosso Campo, as nossas Praias, as nossas Serras, os nosso Vinhos. Nunca pensei em emigrar. Nem mesmo com esta crise (verdade seja dita, ainda não me vi obrigada a fazê-lo. Caso contrário, que remédio teria). Custa-me pensar em não viver em Portugal, em não ter as minhas pessoas por perto, em perder as minhas rotinas (ao contrário da maioria, não me aborreço nada com rotinas). Mas, ultimamente, estou cansada disto.
Estou cansada das mentalidades, do pessimismo constante, de ver o pior lado das pessoas, de ver a perda de noção e do bom senso diariamente. Mesmo cansada. É um Povo constantemente contraditório, o de hoje. Ora os portugueses são uns mansos que não se manifestam, e por isso é que estamos assim, e este País não anda, ora os Portugueses são uns irresponsáveis, sem respeito pelos valores da Democracia, que não respeitam este Governo. Ora lutamos por direitos como a dignidade, e condenamos quem ofende, quem agride física ou psicologicamente outrém, ora defendemos o agressor porque, coitado, até já foi demasiado crucificado e não é caso para tanto. Estou cansada desta mentalidade que não vê problema em nada, que acha que tudo é permitido, porque há coisas bem piores, e, além disso, toda a gente o faz e há até quem faça pior. Estou farta deste vale tudo, deste não olhar a meios para atingir os fins, deste salve-se quem puder. Da falta de educação, de respeito, de bom senso, de decoro.
Revejo-me em muitos portugueses, atenção. Mas nunca, como hoje, olhei para os Portugueses e pensei que não me revejo em tantos, mas tantos outros. Nunca, como hoje, tive certeza que, ou mudamos de mentalidades, ou estamos, basicamente, condenados como Povo. Há por aí uma perda de valores tamanha, que me assusta mais do que gostaria de admitir.
Este tema dá pano para mangas. Mas queria mesmo só dizer que é das pessoas. É das pessoas que estou farta.